Quem não tem conhecimento por andar distraído ou não ter conhecimento por não querer saber, há jogos online que por serem tão fantásticos visualmente e apelativos em termos de motivo de jogo, colam literalmente pessoas ao monitor a jogar horas intermináveis. Tão só o motivo de jogo os atrai, os jogadores, por considerarem não estar sozinhos mas sim em comunidade porque estão ligadas em tempo real no jogo a milhares ou a milhões de outras pessoas de todo o mundo, justificam a si próprios também o facto de passarem tantas horas a jogar.
Ano passado num jogo praticado por de 6 milhões de pessoas o World of War Craft, uma adolescente chinesa, passou dias inteiros a jogar sem parar, resultado, morreu. Embora não me tivesse ocorrido a verdade é que não me surpreende. Eu já tive a oportunidade de assistir um amigo meu a jogar, horas a fio sem parar e eu assisti sem parar também, daí ter degustado o perigo da dependência deste tipo de jogos. Cabe a cada um defender-se de si próprio, de não se deixar envolver pelo jogo, seja ele qual for e ter a noção que muitas horas a jogar, em frente a um monitor provoca muito cansaço mental e por isso prejudica outras actividades normais no dia-a-dia, na vida de qualquer pessoa.
A novidade, pelo menos para mim porque só soube este mês, andava distraído, é que pela primeira vez na História do Mundo (que eu saiba), em finais do ano passado, realizou-se um funeral virtual da 'Snowly', o nome usado pela adolescente na personagem que adoptou no jogo. Os amigos virtuais chineses juntaram-se e prestaram-lhe uma homenagem.
A imagem acima, que dizem ser a única e avaliar no que pesquisei na net, quase posso confirmar, ilustra bem o momento, em que os colegas de jogo que provavelmente ela nunca chegou a conhecer pessoalmente, se reuniram para prestarem-se ao culto do rito devido ao falecimento de 'Snowly' em ambiente virtual, ou seja, dentro do próprio jogo.
Há algo aqui de louvar, cada um tem a liberdade para se deixar envolver, seja lá com que jogo for, perder inclusivé capacidades relacionais, tidas como básicas na educação de qualquer ser humano, mas é bom saber, ainda que do outro lado do Mundo e mesmos os viciados em jogos, os 'neirds' não tenham perdido a capacidade de sentir e de ser solidários com os outros, mesmo que nunca tenham estado com ela pessoalmente, têm a consciência de que ela existiu, como ser humano e não apenas personagem do jogo.